Segundo pesquisa do IBGE de 2022, são mais de 330 mil dentistas no Brasil, o que significa 1 profissional para cada 670 habitantes a disposição da população, entretanto, mais da metade não pratica a rotina de ir ao dentista com frequência anual. Justificativas apontadas são a falta de dinheiro, altos valores dos tratamentos e falta de tempo. Há atendimento na rede pública para algumas especialidades, mas mesmo nesses locais, a procura é abaixo da capacidade instalada.
Uma observação relevante é que não estou escrevendo sobre a importância do tratamento dentário e suas vantagens e desvantagens quando não ocorrem; apenas estou apresentando números e buscando entendê-los.
Somos um país equiparado a nações economicamente desenvolvidas quanto a quantidade de profissionais dentistas, e o poder público cumpre com sua obrigação constitucional de oferecer atendimento odontológico, – mesmo com reconhecida disparidade entre as regiões e unidades da federação – ele existe e está disponível.
Mas a parte da população que está entre os que não frequentam com regularidade um consultório odontológico, particular ou do sistema de saúde, reclama da falta de tempo, da falta de dinheiro e dos preços elevados dos tratamentos, quando particular.
Como administrador de clínica por escolha e economista por formação acadêmica, sei que o que define preço é a oferta e a demanda. Excluindo-se da análise o atendimento público, se estamos em um mercado onde há, na maioria das regiões consumidoras, oferta suficiente de profissionais e de pontos de atendimento (pois não há, em nenhuma pesquisa, apontamento de que haja falta de profissionais nos grandes mercados consumidores), por teoria, o preço tende a estar em equilíbrio.
Se o preço está em equilíbrio e a pesquisa aponta que as pessoas alegam, entre as justificativas, o preço alto dos tratamentos, a percepção do consumidor não encontra razão na lei de oferta e demanda, mas, provavelmente, no baixo poder aquisitivo ou no valor percebido, de um lado ou de outro.
Valor percebido é um conceito que explica o valor como sua utilidade e varia de pessoa para pessoa, ou seja, o que é valioso para um, não necessariamente é valioso para outro.
O Brasil é um país que transitou de país de população rural para um país de população urbana, com grandes concentrações populacionais. A desigualdade social está refletida na saúde, mas não só. No ramo da saúde odontológica, não há a cultura da prevenção ou da urgência, deixando o que poderia ser resolvido em pouco tempo, há um custo menor para depois. Consequentemente, pode significar, no futuro, tratamentos mais custosos ou soluções invasivas ou incompletas (extrações sem reposição de prótese, por exemplo).
Defendo a idéia do conceito de valor percebido ao avaliar a importância que uma pessoa dá à sua saúde bucal ou dos seus; a meu ver, isso não tem relação com o seu poder aquisitivo e não estou apontando como falsa justificativa encontrar no preço o motivo de quem diz não frequentar um consultório odontológico particular. O conceito de valor percebido pode ser determinado por sua estrutura social e familiar, em que realizar a poupança ou realizar um crediário para obter um objeto material, como um eletrodoméstico, tem um valor percebido maior que um tratamento de saúde; ou realizar uma viagem, ou adquirir um imóvel, ou realizar uma cirurgia estética, ou adquirir um imóvel de lazer… .
As estatísticas mostram uma realidade que não é definitiva, ou seja, que não representa o futuro. Elas servem para demonstrar cenários do passado e atual, a fim de se planejar o futuro. Cabe ao poder público as políticas públicas de promoção da saúde bucal, mas também cabe às pessoas, perceberem a importância do valor da saúde, como promotora de uma vida feliz e plena, pois de nada adiantará ter os bens materiais sem a devida condição clínica e psicológica de usufruí-los.
Em nossas clínicas Dr. Harmoniza em Maringá e Sarandi, atendemos pessoas de todos os estratos da sociedade e nos dedicamos a conscientizar todos, mesmo aqueles que procuram tardiamente um tratamento, da importância da saúde bucal, da prevenção e da assiduidade.
Sou Ricardo Perin,
sócio-gerente das Clínicas Dr. Harmoniza – Odontologia e Harmonização Facial